segunda-feira, junho 20

A minha avó

Há uma coisa que eu invejo, muito. É que a minha avó não fez papel de avó. Portanto eu não conheço uma infância numa casa aconchegante, com bolos e muito carinho à minha espera. Quando oiço algumas pessoas falar, especialmente a minha mãe, sobre as suas avós, a inveja espalha-se-me por todo o lado. Gostava de ter tido aquela avó que ensina a fazer aqueles petiscos tão deliciosos, que nos ensina os truques da vida e transmite a sua sabedoria. Experimentei um pouco dessa avó com a avó da minha mãe mas, infelizmente, durou pouco. É que a minha avó não nos dava atenção, dava-nos Sugus fora do prazo, aos 5 deu-me um conjunto de cristal e aos 15 deu-me um periquito de plástico.
Mas há duas (positivas) coisas que eu associo à minha avó. Ambas relacionadas com comida. A primeira é um gelado que ela fazia de morango. Veio-me à memória a semana passada enquanto passava uns morangos, para um bolo que fazia, e o cheiro era o cheiro característico do gelado da minha avó. O segundo estou neste momento a tentar replicar. O prato originalmente é feito com galinha da índia* e servido com arroz. Não faço a mínima ideia como se faz, só sei quais os ingredientes, mas estou empenhada a recriar os cheiros e sabores da minha infância.
Porque, apesar de tudo, a minha avó, inconscientemente, ensinou-me uma coisa. Ensinou-me a depender unicamente de mim. Por isso estou agora sozinha, na minha cozinha, a tentar aprender aquilo que ela não me soube ensinar.
*nós chamamos-lhe fraca por causa do som cómico que emitem: "tô fraco!"

1 comentário:

  1. É muito bom que tentes recriar os cheiros e sabores da tua infância! E que cries cheiros e sabores teus :)

    O que a tua avó te ensinou inconscientemente é, talvez, das melhores coisas que te podia ter ensinado.

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