domingo, abril 10

O meu covil

Eu vivo num covil. E o meu covil chama-se testosterona. Ela não é minha, mas contamina-me. Eu cresci a trepar árvores, a sacar cavalinhos e a jogar ao berlinde. Acompanhava o Tomb Raider e o Final Fantasy, divertia-me com o Mortal Kombat, que era uma maravilha! Durante uns tempos tentei encontrar o ser feminino dentro de mim, mas sempre me senti o patinho feio. Entretanto voltei ao meu covil, chateei-me com as outras. Voltei e não devo voltar a sair. Nem quero! Entretanto tenho-me confrontado com uma realidade paralela à minha. Essa realidade inclui bandos de raparigas a rir e a berrar (vá, algumas não berram) todas felizes. Essa realidade faz-me arrepiar e tremer de cada vez que oiço conversas sobre roupa e/ou dietas. Ou quando choram porque ele não lhes disse nada, porque estão muito magoadas por ele não ter adivinhado o que sentem/querem. Esse mundo alternativo existe e não muito longe de mim! E vamos a ver, eu volto a sentir-me um bicho do mato.

Eu gosto de simplicidade. E verdade seja dita, não há ser mais simples do que um homem. Os homens são fáceis de agradar. Não exigem muito para que se sintam bem e são sinceros. E eu prefiro ouvir bardajadas e apreciar as gajas que passam, do que falar do novo creme de celulite ou da nova moda das jeggings. E não, não sou lésbica. E também não tenho bigode nem sou gorda que nem um pote. Gosto simplesmente de coisas simples.

Eu gosto muito do meu covil, cómodo e desprovido de preconceitos. Gosto mesmo.

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