sábado, julho 2

Maré

Gosto de escrever. Não pelo gosto de informar ou de opinar alguma coisa. Gosto de poder brincar com as palavras. As palavras têm uma magia que me atrai, mas que sinto não conseguir controlar. E, para ajudar, a minha vontade de escrever é como a maré, irregular. As minhas vontades vão e vêm, como as ondas, e normalmente são controladas por alguma coisa que me faça estremecer. Positiva ou negativamente.
Ultimamente ando num período de maré baixa. Às vezes incomoda-me, outras não. É que eu gostava de conseguir descrever aquele momento no sofá, jazz de fundo, chávena de chá na mesinha e livro na mão, com a brisa a beijar os ombros. O momento exacto em que o Sol se põe, mas ainda não se escondeu, e enche o quarto de tons quentes acompanhados pelo canto dos pássaros. O prazer de acordar com a cama quente e um beijo na testa e poder ficar assim, a saborear. Mas o que acontece é que sinto as palavras num turbilhão, a querer saltar cá para fora, numa confusão tal que se atropelam todas e congestionam a saída. E eu fico assim, à toa. Por isso vou lendo. Vou lendo na esperança de que a pessoa que me passou aquelas palavrinhas, também me passe a capacidade de domesticá-las. Será que resulta?

1 comentário:

  1. Por vezes sinto o mesmo... Mas penso que se pegar numa folha de papel em branco, mais cedo ou mais tarde as palavras começam a surgir ;)

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